VAMOS COMEÇAR UMA REVOLUÇÃO

20.6.19

Sara Barratt

Ela mal olhou para cima. Eu alinhei o carrinho do supermercado à fila do caixa, comecei a colocar as compras na esteira e observei a moça scaneando cada compra. Ela ainda não havia olhado para cima – permaneceu olhando para baixo, como se estivesse com medo de estabelecer contato visual. Eu fiquei parada e quieta esperando ela fazer o seu trabalho.

Ela parece estar triste, eu pensei. Não, mais do que triste, parecia machucada. Sem esperança. “Como você está hoje?” Eu perguntei, quebrando o silêncio. Ela levantou a cabeça e parecia confusa. “Bem. E você?” Respondeu automaticamente.

“Eu estou bem, obrigada”. E voltamos a ficar em silêncio. Senti um incomodo no meu coração. Eu deveria ter dito algo. Mas o que? A minha língua parecia estar colada ao céu da boca. Eu tentei pensar em outra coisa.

Ela acabou de scanear as compras. Eu sorri e a desejei uma boa tarde. Ela sorriu de volta –parecia que com bastante esforço – antes de atender à próxima pessoa da fila. Eu fui embora. Eu poderia ter sido mais gentil. Eu sabia disso. Poderia ter tentado encorajá-la e ajudá-la de alguma forma. Oferecer alguma esperança.

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Mas eu não o fiz. Infelizmente, não o fiz. Infelizmente, essa não foi a única vez. Já dei diversas desculpas a mim mesma. Eu não tenho tempo. Não sei o que dizer. E se me acharem estranha? Não sou boa nisso. 

Em todas essas vezes, virei as costas e permaneci quieta. Mantive o amor de Cristo para mim por ter ficado cheia de medo, dúvida e egocentrismo para conseguir espalhar esse amor. Eu já sentei no banco da igreja e ouvi pregações a respeito de amar o seu vizinho, li versículos que falam a respeito da gentileza, até orei para ter mais amor no coração... e depois sai andando pelo mundo afora guardando tudo isso para mim. Disse não ao toque de Deus. Mas agora eu digo: Não mais.

A cultura da gentileza.

A nossa cultura tem uma questão com a gentileza. Nós tuitamos frases como: “Espalhe gentileza como confetes”. Penduramos quadros com a frase da Cinderela: “Tenha coragem e seja gentil”.

E usamos blusas com frases do tipo “Sempre seja gentil”. Mas quanta gentileza estamos realmente espalhando? O quanto estamos amando o próximo? Muito dessa cultura da gentileza é promovida por pessoas que não são cristãs. Ser uma pessoa gentil e amorosa é um código moral que muitos costumam seguir, sendo cristão ou não. Mas para os cristãos, amor e gentileza não são simplesmente códigos morais. São mandamentos.

Confetes de amor VS. O amor do Espírito Santo.

Tanto a gentileza quanto o amor são mencionados na lista de frutos do Espírito Santo. “Mas os frutos do Espirito são amor, alegria, paz, paciência, gentileza, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio” (Gálatas 5.22-23, ênfase adicionada).

Nós olhamos para essa lista e pensamos que estamos indo bem porque fazemos mais do que algumas pessoas, ou praticamos tudo isso a maior parte do tempo. Ou, quase sessenta por cento do tempo. Mas essas características não são evidências de nossos esforços, da nossa natureza, ou da nossa bondade. Elas são frutos – são prova – do Santo Espírito em nossos corações. 

Como meninas cristãs, a gentileza que temos em nossos corações não deveria ser supernatural ou diferente da gentileza daqueles que não tem Jesus no coração? Os frutos do Espírito não deveriam encher mais... os nossos espíritos?

E se nós estivermos nos contentando com uma cultura de confetes de gentileza? E se estivermos nos contentando com apenas o que conseguimos fazer com as nossas próprias forças, e deixando o poder do Espírito Santo, e de Jesus, de fora? E se a nossa versão de gentileza é mais tipo confete do que pensamos? Leve, sem objetivo, apenas um monte de glittler superficial?

Tentando ser gentil sozinha.

Quando se trata de mostrar o amor de Deus, eu normalmente tento fazer isso sozinha. E nunca dá certo. Me sinto sobrecarregada quando penso em como Deus quer que eu ame o próximo, e me sinto culpada quando não consigo amar dessa maneira. E eu nunca consigo.

Olhar para um mundo cheio de pessoas quebradas e machucadas me deixa em pânico, ao invés de me fazer sentir compaixão. Depender nas minhas próprias forças e do meu próprio amor me deixa de mãos vazias.

Jesus nos chama para amar de uma maneira mais profunda do que conseguimos por conta própria. Ele nos chama a uma versão mais radical de gentileza. O tipo que anda uma milha a mais, oferece a outra face, dá sem a intenção de receber de volta, e ama os inimigos enquanto eles o odeiam e perseguem (Mateus 5.38-48). Por isso, o amor e a gentileza estão inclusos na lista de frutos do Espírito. Tudo que está naquela lista vai contra a nossa natureza. Essa não é uma lista de coisas que conseguimos fazer naturalmente, mas das áreas de nossas vidas que precisamos estar clamando sempre a Deus para que nos ajude. Áreas que necessitam da intervenção do Espírito Santo.

Deus sabe que o mundo precisa desesperadamente do Seu amor.

É por isso que Ele mandou Jesus para viver, morrer e ressuscitar. É por isso que Jesus ordenou que amassemos uns aos outros e enviou o Espírito Santo para nos auxiliar. Porque o mundo precisa de mais do que o amor e a gentileza que já somos capazes de dar uns para os outros. O mundo precisa do amor que o Espírito Santo nos capacita a dar.

Amar ao próximo começa com uma vida de oração, aprendizado sobre o amor de Deus, buscar um coração sensível, e convidar o Espírito Santo a invadir os nossos corações e nos inundar com a Sua presença. Nós não podemos compartilhar o amor de Cristo se não tivermos primeiramente uma conexão com Ele.

Na prática, podemos fazer isso de diversas maneiras. Desde aproveitar uma oportunidade de compartilhar o Evangelho, pagar o café para alguém que está atrás de você na fila da cafeteria, orar com pessoas que você encontra no supermercado, dar comida para pessoas sem teto e ser gentil com o seu colega de trabalho que nunca é gentil com você.

Deus usa tanto as pequenas quanto as grandes demonstrações de gentileza. As vezes, um sorriso e um “obrigada” podem ser mais significantes para uma pessoa do que você possa imaginar. Madre Teresa já dizia: “Não pense que o amor, para ser genuíno, precisa ser extraordinário”.

As ações mais simples podem ser um canal de amor extraordinário.

Olhando para trás, penso no que eu deveria ter feito com a menina que estava scaneando as minhas compras. Se eu tivesse sido sensível ao que Deus estava me falando, se não tivesse sido tão egocêntrica e preocupada com o meu conforto, poderia ter falado com ela. Talvez Deus teria colocado no meu coração o desejo de orar por ela, ou teria me incomodado a chamá-la para ir à igreja, ou simplesmente agradecê-la por seu trabalho. Talvez. Mas eu sei que nós nunca seremos capazes de amar como Cristo nos mandou amar se focarmos apenas no nosso conforto.

Nosso objetivo deve ser o de estar tão conectados com Deus que o Seu amor flua através de nós em tudo o que fazemos, seja em ações pequenas ou grandes. E de sermos sensíveis a Sua voz para obedecermos, mesmo que isso nos deixe desconfortáveis. Olhar além de nós e ajudar o próximo fará com que nós nos sintamos desconfortáveis. Não é fácil sair da nossa zona de conforto e arriscar ser considerado estranho, diferente, ou até mesmo sermos zoados ou criticados pela nossa gentileza.

Mas já é hora de corrermos esse risco porque o mundo que está sofrendo e procurando por um amor maior e mais genuíno. Que em todas as minha ações de gentileza, eu possa ecoar as palavras de João Batista: “Que Ele cresça, e eu diminua” (João 3.30).

Vamos começar a revolução da gentileza.

Já não é hora de começar essa revolução? Não é hora de deixar de simplesmente dizer essas frases bonitas e realmente nos concentrar em espalhar o amor de Cristo? Fazer isso sozinha é impossível. Mas com Jesus, é mais que possível.

Eu ainda estou aprendendo sobre tudo isso e estou longe de ser perfeita. Tenho dificuldade de sair da minha zona de conforto e mostrar o amor de Deus para os outros. Mas vamos aprendendo juntas.

Vamos deixar para trás as tentativas falhas e levar a sério a gentileza que vem como fruto do Espírito. Vamos convidar Deus a multiplicar o amor que já temos em nossos corações. Vamos clamar a Jesus e pedir que Ele encha os nossos corações com o Seu amor, porque ele é bem melhor do que o amor que podemos oferecer sem a ajuda.

O mundo não precisa de mais do que nós podemos oferecer.

Ele precisa de mais do que Jesus pode oferecer. Não precisa de confetes, precisa entender o sólido amor de Cristo. Que sejamos mulheres definidas pela gentileza que compartilhamos e o amor que vivemos, o amor de Cristo em nós.

Eu adoraria ouvir de você!
Você já teve dificuldade em tentar demonstrar o amor de Deus sem a ajuda do Espírito Santo?
Por que Deus nos ordena a amar tão radicalmente?
Quais são as maneiras práticas pelas quais você pode demonstrar gentileza hoje?
Deixa os teus comentários...

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Texto original em inglês do blog Girl Defined, traduzido e editado com permissão pela equipe do blog Chicas en la Verdad. Texto para a leitura em espanhol.

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